Quando eu era pescador .....

                               Mote

Já não consigo pescar

Nem peixes e nem marisco

Tenho o anzol estragado

Ele já não segura o isco

II

Eu pescava à guinada

Muito bem com o anzol,

Agora já estou no ról

Dos que não pescam mesmo nada.

Tenho a arte já estragada

Eu devia de reparar.

Mas tenho medo de não voltar

A pescar a meu contento;

E com o anzol ferrugento

Já não consigo pescar.

III

Eu fui sempre um bom artista

Pescava de qualquer maneira,

Ou no rio ou na ribeira

Fazia sempre conquista.

Mas aquilo que tinha em vista

Era pescar para petisco;

Embora pescasse em risco

O meu trabalho era um afago,

Agora vou, mas não trago,

Nem peixes e nem marisco

IV

Quando vou pescar ao rio

Vejo lá boas trutas,

Que até provocam disputas

E me tiram o fastio

Depois, já em arrepio

Eu olho-as embasbacado;

Ando de um p'ro outro lado

Agarrado à minha cana,

Mas o anzol é que m'engana,

Tenho o anzol estragado.

V

Ao lançá-la eu me agacho,

Mas ela pende p'ra baixo

O anzol quase se parte.

Já não é o "bacamarte"

Tão valente tão arisco,

Que andava sempre ao rabisco

Apanhando peixes com fartura,

Agora, tem uma fractura,

Ele já Não segura o isco