Em 1520 a população foi flagelada por uma epidemia de peste, que a obrigou a abandonar a vila e fixarem-se em cabanas num local que, ainda hoje tem o nome de choças. Uma grande parte da população foi dizimada pela enfermidade e em todos ficou o medo da morte e a sombra do infortúnio.Com as guerras da restauração em 1640 e por razões estratégicas, a população voltou ao sofrimento com os assédios dos espanhóis de prolongada duração.
Em 1712, a vasta planície acordou um dia ao som de milhares de vozes gritando “Santiago e Castela”. Era um poderoso exército de Filipe V, comandado pelo marquês de Bay, que entrava em Portugal com cerca de 21.000 homens. Estava-mos no reinado de D. João V e foram cerca de dois penosos meses de cerco com 28 combates em campo aberto. Apenas dispúnhamos de um pouco mais de 1000 soldados e algumas centenas de paisanos, mesmo assim conseguimos que os espanhóis retirassem em direcção, muitas vidas de campomaiorense se perderam.
De consequências ainda mais dolorosas foi mais uma hecatombe em 16 de Setembro de 1732, provocada por um raio que foi cair na torre de menagem do castelo. Esta funcionava como paiol de pólvora, onde estavam armazenadas cerca de 6.000 arrobas de pólvora e 5.000 granadas. A histórica torre de menagem foi arrancada pelos alicerces e desfeita no ar. Foi a destruição quase total do castelo e do casario circundante.
Diz-se que das 1076 casas existentes se perderam 840 e cerca de 260 pessoas perderam a vida, contando-se cerca de 1.000 feridos.
Como se tudo isto não bastasse, surgem as invasões francesas em 1811, a medir forças com as nossas já gastas energias. Ao fim de quatro dias os invasores eram expulsos. Mas quando, acabando por dominar a praça, se apercebeu de que se tratava apenas de 100 milicianos e de alguns populares, num total de cerca de 400 homens. Tal bravura mereceu à vila o título de “Leal e Valorosa”, como está gravado no seu escudo. O governo da praça estava então confiado ao major Talaya, essa a razão porque ainda hoje existe em Campo Maior uma rua com o seu nome.
Uma população, dizimada por hecatombes devastadoras como a explosão de 1732 e perseguida insistente e violentamente pela inquisição, com uma economia debilitada, em grande parte, pelo numero excessivo de militares mercenários que se fixaram ali e comiam quase tudo o que produziam. Os campos despovoados e as epidemias grassando e levando consigo pessoas e gado (peste de 1520 e a cólera de 1865).
Entretanto, é determinada a extinção de Campo Maior como concelho e anexado à cidade de Elvas. Os habitantes não gostaram e revoltaram-se, uma revolta bem sucedida. Dia 13 de Dezembro de 1867. Pelo triunfo, foi dado a uma rua da Vila um nome que simboliza a data.
Eu tenho a terra bendita
No meu sangue misturada
Já no Céu estava escrita
Esta irmandade sagrada.
Diz-se que um dia o rei D. Afonso V, ao passar em Campo Maior em mais uma missão de trabalho, ficou preso ao encanto das camponesas locais e, por essa razão chamou à Vila o “Campo das Flores”.
À ceara fui buscar
Com “mê” suor a riqueza,
A vida pôs-se a “cefar”
Deixou-me na maior pobreza



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