As artesãs irmãs Flores criaram 34 novas figuras da barrística popular de Estremoz e estão a expor estas e outras peças, num total de 77 bonecos, no Centro Cultural da cidade alentejana. Segundo a Associação Filatélica Alentejana, que promove a exposição, com o apoio do município local, as novas figuras criadas pelas artesãs, vêm «enriquecer a barrística popular estremocense».
A exposição intitulada «Alentejo do Passado» pode ser visitada até 14 de Janeiro de 2012. A mostra está estruturada em nove áreas que procuram dar uma visão do Alentejo do passado: pastorícia, ciclo do pão, ciclo do azeite, ciclo do vinho, tiragem da cortiça, na horta, a água e na cidade.
As irmãs Flores, Maria Inácia Fonseca e Perpétua Fonseca, que optaram como barristas pelo apelido da mãe, dedicam-se há anos a modelar os famosos bonecos de Estremoz, feitos em barro.
Maria Inácia Fonseca, uma das conhecidas artesãs da barrística de Estremoz, disse que o professor Hernâni Matos, que é o presidente da Associação Filatélica Alentejana, foi o mentor para que criassem novas figuras na barrística de Estremoz.
«O professor Hernâni Matos colocou-nos este desafio e deu-nos todo o apoio, visto que possui todos os elementos de que necessitamos para fazer novas figuras e proporcionou esta exposiçã», salientou a artesã.
Maria Inácia lembrou que viveu «no campo» até aos 15 anos, e a sua irmã Perpétua até aos 14, e ainda têm «em memória» todos os trabalhos agrícolas daquela altura, que têm servido de inspiração para a criação de novos bonecos de Estremoz, «sem fugir à tradição» da barrística local.
«Gostamos de fazer tudo o que tem a ver com a vida do campo», realçou.
Maria Inácia garantiu que «continua a haver procura» deste tipo de artesanato, salientando ainda que «as pessoas procuram também a inovação» e querem adquirir «novas figuras», sobretudo os coleccionadores.
O Natal, com os presépios, e os festejos dos santos populares, com realce para as figuras de Santo António e São João, são algumas das fontes inspiradoras dos bonecos de Estremoz, de temática religiosa ou profana, cuja feitura «obriga a paciência e carinho» por parte dos artesãos.
As irmãs Flores tiveram a sua formação na antiga Olaria Alfacinha, com a artesã Sabina Santos, onde iniciaram a actividade na década iniciada em 1970 e continuam a modelar os bonecos de Estremoz dispostas a dar continuidade à arte na sua oficina e loja, no centro da cidade de Estremoz.
Local: Centro Cultural Dr. Marques Crespo, em Estremoz, Alentejo
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